Carnaval de Luz

Confesso que meu coração fica aflito com a chegada do carnaval, sinto-me tão responsável por irradiar mais amor do que, na verdade, confio ter...a quantidade que tenho é grande, mas parece insuficiente perto das milhares de pessoas reunidas, festejando e se excedendo nas ruas...daí a minha sensação de impotência. Estava conversando com uma pessoa admirável, muito espiritualizada e suas humildes, mas sábias palavras me trouxeram paz de espírito: "...mas vc acha que só vc está em prece nesse momento, tem muita gente  de bom coração trabalhando nisso!!...", ai, que alívio ser lembrada desse feliz detalhe!! Sei que o carnaval é uma festa antiga, uma tradição. Tem um objetivo admirável na visão católica: a despedida da carne e das coisas materiais para um tempo de jejum e penitência, a quaresma. Carnaval era uma espécie de festival, de despedida daquilo que os homens ficariam privados durante esse período...acho que isso influenciou o pensamento atual de que no “Carnaval pode tudo". Virou bagunça...festa de excessos!!!...muita bebida, muita violência, drogas, sexo ocasional. Quantas pessoas já se machucaram ou machucaram inocentes porque se excederam nesses dias? Estou longe de ser um modelo de virtudes, mas com o pouco que tenho, fica aqui registrada minha preocupação, o amor aos meus semelhantes, um carnaval de luz e um texto para reflexão.

CARNAVAL

É um grande acontecimento

No caminho emocional

De toda gente que espera

Os dias do Carnaval.

Antes, porém, do sinal

Para o esperado começo

Falarei sobre alguns casos

Dos muitos que já conheço.

Você recorda o Titoni

 No violão do Moraes?

O violão voltou, há um ano,

Mas Titoni nunca mais.

Nosso Ivo carpinteiro

Querendo mesa perfeita,

Caiu do segundo andar

Quebrando a perna direita.

Juntaram-se algumas jovens

Dançando ao seu lado,

Uma delas desmaiou,

Eis Alceu desencarnado.

Na festa do Carnaval,

Amigos de projeção,

Rogam a Bênção de Deus,

Pensando em elevação.

Muitas viúvas a enxergam

Esperando alguns vinténs

Que lhes dão ao lar vazio

A paz por melhor dos bens.

Deitou Jim, querendo ver-nos,

Subiu ao grande salão,

Viu alguém furtar-lhe o carro

Mas não fez reclamação.

O doutor reconheceu

Que a hora lhe pertencia

Para ensaiar o perdão

Na caridade por guia.

Maricota fez oferta

Em apoio ao Carnaval,

Levando leite fervente

Resvalou no espinheiral.

Um caso desagradável

Foi da tia Belinha,

Deu pó facial à irmã

Com piolhos de galinha.

Todo vestido de andrajos

Vi nosso médium Gil Flores,

Voltou para a própria casa

Com mais quatro obsessores.

Não sei se você recorda

O nosso amigo Adão Taco;

Ficou em festa seis meses,

Voltou com voz de macaco.

Qual você pode pensar

Na lógica que não erra,

Carnaval é semelhante

À nossa vida na Terra.

Cornélio Pires (espírito)

Psicografia: Francisco C. Xavier – Espíritos Diversos.Livro: "AÇÃO, VIDA E LUZ"